quinta-feira, 17 de abril de 2014

Patchwork de sal: as salinas de Maras


Imagine-se um desfiladeiro estreito que abre para o vale do rio Urubamba. Numa das encostas brota uma nascente salgada vinda da montanha, bem mais salgada que a água do mar (sim, bebi um gole!). Por isso, a encosta transformou-se numa sucessão intrincada de pequenos terraços, formando piscinas salgadas em tons de sal e castanho. A produção de sal vem desde os tempos pré-inca, em moldes que não devem diferir muito dos de hoje. São cerca de 3000 terraços, explorados pela comunidade, que atribui a exploração às famílias que o desejem.
 
A época de produção de sal vai começar, agora que terminou a estacão das chuvas. A água da nascente é levada por um canal principal quase de nível e subdividida por múltiplos canais, por vezes quase só um fio, que descem a encosta, regulados por comportas. Tudo moldado na terra da montanha, agora já esbranquiçada.

Caminha-se em fila ao longo do canal, com cuidado para não cair numa salmoura pouco convidativa. É um espectáculo incrível e fica-se a admirar os pequenos retalhos de bordos arredondados, por onde circulam os canais de alimentação, colados uns aos outros, formando um patchwork em tons de amarelo, castanho e branco. Em breve será grande a azáfama a controlar o nível de água, a raspar o sal e subi-lo às costas em equilíbrio precário.
 


1 comentário:

  1. Coisa mais gira e belas imagens! Hoje e manhã, por cá, sente-se em particular a vossa falta.
    Saudades

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