domingo, 27 de abril de 2014

Eucaliptos no altiplano andino



Logo à saída do avião em Cusco, aí estavam eucaliptos e pareciam globulus. Não quis bem acreditar, por causa do frio do altiplano e do meu conhecimento enviesado.

Mas, de facto, os eucaliptos dominavam os caminhos e os campos. Em árvores isoladas ou em pequenos bosquetes, a maioria mostrando terem sido já cortados num ciclo anterior e com múltiplos rebentos de toiça. Para as gentes daqui são eucaliptos, bons para postes, traves e suportes na construção dos edifícios. E também as folhas são usadas para obter um corante natural de cor verde para a lã de alpaca, como mostraram as tecedeiras de Chinchero, fazendo o contraponto com o vermelho obtido das cochinilhas. E fins medicinais claro!

Fui investigar. Os eucaliptos chegaram ao Perú em 1860, pela mão de um francês, e sim, foi o globulus. Aclimataram-se e desenvolveram-se bem, especialmente no altiplano: em 1969 realizou-se o 1º congresso nacional dos eucaliptos e no início dos anos 70 fez-se o estudo experimental de diferentes espécies para diversas regiões. Em Cusco, no Vale Sagrado, no caminho para Puno, nas margens do lago Titicaca e na sua ilha Taquile, em Arequipa e no vale do Colca, a paisagem está marcada por estas árvores esguias.

Dizia uma das guias, com o tom moralista do discurso ambientalista: os eucaliptos são espécies introduzidas, que proliferaram, substituíram a vegetação local e não deixaram crescer mais nada.

 Dizem os eucaliptos: estamos aqui há várias gerações, adaptámos-nos, somos árvores em zonas sem floresta, prestamos bons serviços e ajudamos a economia local; quando nos darão a naturalização?




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