quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O Tejo em Ródão

A passagem do Tejo em Ródão era, num passado não muito distante, um marco no percurso de Lisboa às Beiras. Percorriam-se, então, ambientes e morfologias agora esquecidas pelo trajecto na auto-estrada onde as descidas e subidas dos vales,que se desenrolavam em dezenas de curva / contra curva por km, se galgam nos grandes viadutos. Cruzavam-se paisagens e locais a que se associavam acontecimentos e histórias que se vão esfumando do imaginário colectivo. Em tarde de outono luminosa a tentação de espreitar as Portas do Ródão e percorrer a estrada que, de junto à ponte sobre o Tejo, trepa encosta acima acompanhando o percurso do rio. No alto, o caminho para o Castelo Roqueiro, plantado no maciço rochoso.


 Da plataforma sobre as Portas ou do janelão da Torre de Menagem, o olhar mostra, para montante, o grande rio, manso como um lago que o estrangulamento do desfiladeiro lhe impõe. Para jusante o rio corre em meandros à volta de ínsuas arenosas. As margens perdem, progressivamente, o seu carácter escarpado alargando-se em encostas arredondadas salpicadas pelos maciços rochosos que emergem da vegetação de estevas e folhosas ainda amarelas neste final de Outono.

   
E vem à memória a descrição de Hipólito Raposo “São como ombreiras mutiladas dum arco de triunfo que um capricho plutónico quisesse ter ali deixado à honra do grande rio, nas primeiras auroras do mundo...”