domingo, 27 de abril de 2014

Machu Picchu, a cidade nas alturas



Agora já à distância de alguns dias, é possível explorar o que que se sente em Machu Picchu e o que fica na memória. Sem dúvida, a imagem indelével é a clássica da grande praça verde, das construções circundantes, com a montanha do Wayna Picchu em frente, de sentinela. A toda a volta, os cumes das montanhas circundantes, as encostas escarpadas com o vale e o rio que se apercebe bem lá no fundo. Sem dúvida que se está mais perto do mundo de cima, ou pelo menos dos astros, do sol e da lua, bom local para observatório astronómico de previsão dos equinócios e solstícios.

Ficam também gravadas na memória as pedras talhadas, as paredes que se alinham, paralelas, as linhas horizontais e verticais dos socalcos, as aberturas trapezoidais das janelas e portas. 

Parece estranho como este império teve uma duração tão curta - 100 anos e como foi possível construir cidades, obras hidráulicas e agrícolas, uma rede de vias que se estendia para os quatro cantos do domínio: o Tahuantinsuyo, o reino das quatro regiões, da costa norte junto ao Equador até ao lago Titicaca, e norte do Chile, da selva interior ao deserto costeiro.
 
Os espanhóis não conheceram Machu Picchu. A cidade foi abandonada e assim ficou, no alto, apenas visitada pelas gentes da montanha. Em 1911, o americano  Hiram Bingham, levado por um guia local, descobriu a cidade e ficou famoso (Inca land: Explorations on the high lands of Peru, 1922, free download Gutenberg.org). Errou no seu papel, que não era o último reduto do império nem do poder, nem o centro religioso, antes uma residência real e cerimonial, o lugar mágico de observação e de ligação ao sol e à lua. E essa mística perdura, e parece que algo do mundo do condor fica nos viajantes imaginativos.



 

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