quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Patagónia Radical

As previsões de tempo eram de alguma acalmia. O vento seria, apenas, de 80km/hora, o que permite a navegação no Lago Grey, a caminho do Glaciar onde se pode caminhar.
Aí fomos - pum catapum, splash… - numa lancha semi-rígida, apanhando valente tareia para depois de navegar num mar de icebergs, alguns do tamanho de uma casa, chegar ao nosso “porto seguro”. Um calhau arredondado, liso, que se trepava até um monte de pedregulhos e cascalho, junto ao início do campo de gelo. Aí, bem encasacados, devidamente enluvados e embarretados, completámos o equipamento com grampos nas botas, arnês e bordão adequado. Antes, porém, fomos encorajados a usar o “sani-gelo”, pois, daí em diante as comodidades eram, ainda, menos discretas.
Mesmo junto ao gelo, as instruções. Para andar em plano, fazer passo de pato, pés à largura dos ombros. Para subir, a técnica do 1-2-3, ou seja, primeiro um pé espetado a pontapé, depois o bordão e depois o outro pé, recomeçando a contagem. A descida é na posição de “toilette”, pernas flectidas e “espalda bien derecha”, com a dificuldade acrescida de que não está lá o normal apoio.
Mas lá fomos. E continuaram as emoções! Para atingir a enorme planalto do glaciar há que vencer a primeira barreira, quase vertical. Mas depois é a maravilha. Os azuis dos riachos em meandros, brilhantes, nos intervalos em que o sol apareceu. Lagoas no meio do gelo, profundas, deixando ver os estratos mais ou menos escuros, mas sempre de azul intenso. Torrentes com quedas de água dentro do glaciar, que julgava uma massa compacta de gelo e é afinal, um intrincado de túneis e linhas de água.
Horas de maravilha onde nem faltou um chá verde com mel, bem quentinho, partilhado no meio da brancura azulada do glaciar. O regresso foi em águas então tranquilas, o que rematou da melhor maneira a estadia no PN das Torres del Paine.
Hotel Charles Darwin, Puerto Natales, 25 de Janeiro de 2010
MCS

1 comentário:

  1. Muito bom! Aproveitem bem,vão ter saudades, quando aterrarem em solo luso e na nossa realidadezita.... Bjs. Cristina Garção

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