segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Na Patagónia

Bruce Chatwin apareceu por acaso, no deambular frente aos escaparates da livraria. O título Na Patagónia despertou o interesse, a leitura da badana completou a decisão. Jornalista do Sunday Times Magazine, ficou célebre o seu telegrama de demissão “Fui para a Patagónia”. E sobre o livro: um clássico da literatura contemporânea que conferiu novos contornos à literatura de viagens.
O livro deixa marca. Conta histórias de pessoas, numa mistura de origens e actividades, galeses, ingleses, russos, judeus, fazendeiros, padres, engenheiros. Histórias banais que tecem um quadro de impressões.
E tem também relatos históricos, das viagens de Magalhães, Fitzroy e Darwin, e de muitos outros. Aqui a narrativa é mais detalhada, e muitas vezes são quase epopeias de vidas de aventura. Como a de Charley Milward, em rapaz posto na marinha mercante, em 1870, que correu mares, elegeu o fim do mundo como porto de retorno, e olhou o estreito por um telescópio instalado na torre da sua casa em Punta Arenas.
Ou as histórias dos fora-da-lei americanos, que por aqui também andaram, por exemplo Robert Leroy Parker, ou melhor Butch Cassidy.
Não há grandes registos do mundo físico, apenas pequenas frases secas, que criam o cenário impressionista. “Ao longo da linha de maré amontoavam-se pedaços de madeira embranquecidos pelo mar e, por vezes, viam-se costados de navios e vértebras de baleias”.
No fim esquecem-se todos os nomes, fica apenas uma amálgama de vidas que passaram por um espaço de fim de mundo.
Bruce Chatwin morreu novo, de uma doença contraída nas suas viagens (1949-1989).

Helena

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