segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Perito Moreno – Na névoa e ao sol

Mal seria não partilhar as emoções do encontro com o "Morenito".
Foi debaixo de uma chuva miudinha que primeiro avistámos o tão célebre Perito Moreno, nesse dia com o azul baço e acinzentado. A primeira impressão foi menos emocionante do que o esperado porque, ao longe, apenas se vê sobre a água o que parece uma pequena parede de gelo de recorte serrilhado. De mais perto, depois de descer os quase 300 degraus que levam à plataforma inferior, a visão é mais impressionante. A dimensão da parede de gelo impõe-se. Mas foi na aproximação de barco que melhor se sentiu o vento de frio agreste que soprava do glaciar. Vê-se, então, de perto, um enorme arco por onde, em ciclos de 4 anos, o glaciar explode, restabelecendo a ligação entre os dois braços do lago, lançando no ar um gigantesco spray de calhaus de gelo.
Ao sol, a visão é outra. Numa curva da estrada o “Morenito” aparece em todo o seu esplendor, enquadrado pela cordilheira de picos nevados. Massa de gelo a perder de vista, de bicos brancos e azul turquesa, com recortes cada vez mais ricos à medida que nos aproximamos. De novo o sobe e desce entre plataformas, a visão dos estratos de diferentes tonalidades e a emoção que acompanha o ouvir do estalar do gelo, prenúncio dos desprendimento dos enormes blocos que se despedaçam na água com barulho de trovão, deixando no ar, por uns momentos, uma poeira branquíssima.
Foram horas de contemplação onde não foi esquecida a entrega “daquele abraço” dos amigos distantes.
Frente ao glaciar Grey, PN Torres del Paine, 23 de Janeiro de 2010
MCS


4 comentários:

  1. Ah Morenito, Moreno!!! É mesmo assim, conforme a transcrição das emoções vividas por essa andarilha que recebeste, que me imagino a sentir-te e a vivenciar o que o Principezinho nos mostrou: "só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos". É na aproximação que se pressente o encanto. Mas é no centro da experiência que o coração galopa e os sentidos se expandem, não é Gui? Mil beijos pelo abraço que lhe deste, por mim.

    ResponderEliminar
  2. ...uma imagem vale por mil palavras,há imagens que não tem palavras.

    ResponderEliminar
  3. As fotos são Belíssimas...

    ResponderEliminar
  4. Lindos textos e lindas fotografias!

    A descrição do vosso encontro com o vento forte é impressionante, e sossega-me quando tudo acaba em bem! Agora aguardo a narrativa ao vivo da vossa "viagem aventura" que, sem dúvida, deixou marcas e vos terá feito mais fortes... como o vento. Imagino que vos tenha dado uma nova perspectiva de nós próprios e do que nos rodeia.

    Uma boa viagem no regresso que se aproxima.
    Um abraço
    Eduarda

    ResponderEliminar