domingo, 24 de janeiro de 2010

Ventos patagónicos

Os ventos correm livres pela Patagónia, numa planície alisada e estendida. No céu baixo, as nuvens espalmadas passam céleres.
Os arbustos colam-se ao chão, enrolam-se em novelo, polvilhando o plano de montículos esféricos. As poucas gramíneas altas, os coirón, também em tufos, inclinam-se esbeltas e deixam correr o vento.
Os lagos, varridos por ondulação curta, ficam riscados de pequenas linhas de espuma branca. Nas margens ouve-se o rebolar dos seixos.
As árvores desabrigadas deixam-se ir e os troncos fazem esculturas de formas bizarras. Muitas vezes o espraiado das raízes na fina camada de solo não é suficientemente forte e elas tombam levantando um disco de terra.
O vento faz parte da paisagem. Custamos a habituar-nos, os olhos picam. Os passos levantam pó, os carros deixam um rastro longo de poeira.
Cabañas del Paine, 22 de Janeiro de 2010
HP

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