sábado, 2 de abril de 2011

Sem rosto

Quase tropecei nele, a andar de olhar levantado para as decorações das fachadas. A mancha escura no calçado de pedras cinzentas era afinal um homem de joelhos, prostrado para a frente, os antebraços apoiados e dirigidos para um barrete virado à espera de moedas. A cara estava escondida e todo o corpo imóvel.
Depois encontrei outros, sempre esta posição rasteira e sem rosto. Um cão, também imóvel, acompanhava uma destas figuras prostradas.
De algum modo assemelham-se às estátuas sombrias de santos a recordar os tempos medievais de Praga. Ou à escultura inquietante Il Commendatore, em homenagem a Mozart, à entrada do teatro onde se estreou, a 29 de Outubro de 1787, o Don Giovanni.









20 de Março de 2011

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