quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Glimpse travels

Há vários tipos de viagens. Falo hoje dos glimpse travels, assim me surgiram, em inglês, as “viagens espreitadelas”, olhares roubados num instante, quiçá inesperado, certamente não programado. Quando ocorrem? No interior de viagens de trabalho, nos acasos de voltas profissionais, uma tarde, um dia livres, voltas soltas sem preparação ou o conhecimento que integra o planeamento de viagens dedicadas. Sem sistematização ou lógica, são fruto do acaso e do tempo, ou também das oportunidades que os próprios eventos oferecem.
Lembro dourados e espelhos dum banquete na esplendorosa sala espanhola do castelo de Praga, um templo grego contra o céu ao pôr do sol em Paestum, a calma suave no fim da tarde no chateau d’Yquem no regresso da recolha das uvas, a emoção dos muralistas mexicanos em Chihuaha e depois na cidade do México, o sortilégio dum comboio a apitar na noite nas faldas do Himalaia.
Ficam assim farrapos, pinceladas, por vezes fortes, que perduram na memória. Não são extrapoláveis para o país ou a cidade (mas quando o são?), representam apenas a surpresa, a emoção e o olhar aberto de um instante, às vezes em cenários que evocam leituras, filmes ou notícias.
Como em Palermo, agora.
Ficou já a chegada no aeroporto de Punta Raisi, um cabo esticado no mar tirreno a cerca de 30 km da cidade. O avião aterra em pista que corre ao longo do mar, as ondas mesmo ali a quebrar em linha paralela, o mar a perder de vista como se se estivesse num fim de terra…
Palermo, 21.Out.2010
Helena

1 comentário:

  1. UHAU!
    Prosa inspirada!
    Mas também me lembro do comboio no Himalaia, depois de uma subida até um terraço de restaurante em local improvável mas de beleza rara.

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