sábado, 23 de outubro de 2010

As ruas traseiras de Palermo

Sem guia para dar prioridade à visita, apenas com um mapa, comecei a volta. E quis o acaso das deambulações que conhecesse as ruas traseiras de Palermo antes do circuito monumental.
Estreitas, muito estreitas, as varandas quase tocando-se, as fachadas esquálidas, um ar de pobreza, mistura e confusão. Nas ruas maiores, uma mistura de gentes, bem visível a proximidade do norte de África e da África mais abaixo. Mas principalmente os sicilianos, ruas de homens, velhos e novos, homens nos cafés e nas esquinas, jogos de cartas, discussões acaloradas nas vielas que parecem ir levar a um tiroteio. Por todo o lado, carros e muitas motoretas, vespas e congéneres.
As varandas correm nas fachadas, roupa em algumas e, em muitas, vasos com plantas e flores. Adivinham-se casas, visões de filme.
Encontrei também mercados de rua, que deixam no fim da tarde um rasto de restos de legumes e caixas vazias. Em algumas das ruas, o estendal das bancas é ao estilo dos souks árabes, vende-se de tudo, desde roupa e sapatos a cortinados ondeando ao vento.
A pouca distância do Palazzo Real, encontrei as cavalariças para os cavalos que fazem os passeios na cidade. A princípio pareceram-me um pequeno bairro da lata, mas aí estava um a ser escovado e, vendo bem, os cubículos até estavam limpos e pareciam funcionais.
Por aqui há casas senhoriais abandonadas, embora ainda graciosas, e igrejas decrépitas mas mostrando o seu passado de renascimento ou barroco.
E passa-me pela cabeça que as cidades continuam a ter dificuldade em fazer viver os seus centros históricos, mantendo a pujança que outrora tiveram, com a diversidade de gentes que as tornaram grandes e mexidas.
Em Palermo, sente-se bem a riqueza dos cruzamentos passados.
Palermo, 23.Out.2010




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