terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cidades do garimpo

Foram os diamantes que trouxeram gente a estes povoados – Igatu, Mucugê, Andaraí, para além de Lençóis.
Igatu é um bom exemplo. Chega-se por 6 km de um caminho em grande parte calcetado com lajes de pedra que sacolejam tudo. Mas está tombada… nada a fazer! Ali corre o rio Piaba que desce o monte até ao rio Paraguaçu, lá no vale, ambos locais de garimpo. Igatu era conhecido pelos diamantes carbonados, negros, valiosos de tão duros para ferramentas de corte.
O garimpo fazia-se primeiro manualmente, imprimindo movimentos circulares à bateia, grande prato de madeira ligeiramente cónico, onde os diamantes, mais densos, se depositavam na depressão central. A estátua numa das praças de Andaraí é bem elucidativa. Depois veio o garimpo motorizado e o Paraguaçu, antes profundo e navegável, ficou completamente assoreado.
Aqui viveram no auge perto de 10 mil pessoas. Muitos escravos mas também a arraia miúda, a mando dos senhores dos garimpos e das terras, e do coronel. Parece que, quando assassinaram o coronel Horácio de Matos, a população debandou, montes afora, e ficou a cidade-fantasma, como hoje se chama. Tombada, claro!
Igatu vive hoje do ecoturismo e de uma certa vertente artístico-cultural. Marcos Zacarias é um artista residente, curador de um pequeno museu e sala de exposições. Os grandes discos feitos com uma amálgama de cápsulas de eucalipto, de sua criação, vão ficar-me na memória.



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