Agora já
à distância de alguns dias, é possível explorar o que que se sente em
Machu Picchu e o que fica na memória.
Sem dúvida,
a imagem indelével
é a clássica da grande praça verde, das construções circundantes, com a montanha do Wayna
Picchu em frente, de sentinela. A toda a volta, os cumes das montanhas
circundantes, as encostas escarpadas com o vale e o rio que se apercebe bem lá no fundo. Sem dúvida que se está mais perto do mundo de cima, ou pelo
menos dos astros, do sol e da lua, bom local para observatório astronómico de previsão dos equinócios e solstícios.
Ficam também
gravadas na memória
as pedras talhadas, as paredes que se alinham, paralelas, as linhas horizontais
e verticais dos socalcos, as aberturas trapezoidais das janelas e portas.
Parece estranho como este império teve uma duração tão curta - 100 anos – e como foi possível construir cidades, obras hidráulicas e agrícolas, uma rede de vias que se
estendia para os quatro cantos do domínio:
o Tahuantinsuyo, o reino das quatro regiões,
da costa norte junto ao Equador até
ao lago Titicaca, e norte do Chile, da selva interior ao deserto costeiro.
Os espanhóis não conheceram Machu Picchu. A cidade foi abandonada e assim ficou, no alto, apenas visitada pelas gentes da montanha. Em 1911, o americano Hiram Bingham, levado por um guia local, descobriu a cidade e ficou famoso (Inca land: Explorations on the high lands of Peru, 1922, free download Gutenberg.org). Errou no seu papel, que não era o último reduto do império nem do poder, nem o centro religioso, antes uma residência real e cerimonial, o lugar mágico de observação e de ligação ao sol e à lua. E essa mística perdura, e parece que algo do mundo do condor fica nos viajantes imaginativos.
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