Logo à
saída do avião em Cusco, aí estavam eucaliptos e pareciam globulus. Não quis bem acreditar, por causa do
frio do altiplano e do meu conhecimento enviesado.
Mas, de facto, os eucaliptos dominavam os caminhos e os
campos. Em árvores
isoladas ou em pequenos bosquetes, a maioria mostrando terem sido já cortados num ciclo anterior e com múltiplos rebentos de toiça. Para as gentes daqui são
eucaliptos, bons para postes, traves e suportes na construção dos edifícios. E também as folhas são usadas para obter um corante
natural de cor verde para a lã
de alpaca, como mostraram as tecedeiras de Chinchero, fazendo o contraponto com
o vermelho obtido das cochinilhas. E fins medicinais claro!
Fui investigar. Os eucaliptos chegaram ao Perú em 1860, pela mão de um francês, e sim, foi o globulus. Aclimataram-se e desenvolveram-se bem, especialmente no
altiplano: em 1969 realizou-se o 1º
congresso nacional dos eucaliptos e no início
dos anos 70 fez-se o estudo experimental de diferentes espécies para diversas regiões. Em Cusco, no Vale Sagrado, no
caminho para Puno, nas margens do lago Titicaca e na sua ilha Taquile, em
Arequipa e no vale do Colca, a paisagem está marcada por estas árvores esguias.
Dizia uma das guias, com o tom moralista do discurso
ambientalista: os eucaliptos são
espécies
introduzidas, que proliferaram, substituíram
a vegetação
local e não
deixaram crescer mais nada.
Dizem os eucaliptos: estamos aqui há várias
gerações,
adaptámos-nos,
somos árvores
em zonas sem floresta, prestamos bons serviços e ajudamos a economia local; quando nos darão a
naturalização?
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