Não é fácil a vida de viajante e o tempo é sempre curto! Manter um blog – ou um diário – não é possível com a regularidade cronológica dos acontecimentos. Exceptuando os casos de não haver internet, ou ser impraticável de tão lenta, os dias estão cheios. Café da manhã bem cedo, todo o dia caminhando ou visitando, chega-se estoirado, um banho e já é noite. Só dá para as rotinas: descarregar as fotografias, formatar o cartão, carregar a bateria. Na cama pensa-se nos potenciais escritos e faz-se a lista de boas intenções: amanhã, sem falta, escrevo o relato, passo as notas tiradas a caminhar de nomes e de plantas, num papel dobrado em oito com uma esferográfica que às vezes só escreve intermitente (será que ainda vou lembrar?). Também seria bom legendar as fotos, a memória mistura tudo rapidamente. Ser a única fotógrafa também é solitário, e os outros impacientam-se ou brincam. “Tem que segurar ela”, “prende ela no pé”, comentava o Vladimir Bau-Bau quando me via afastar com a máquina nos povoados, com grande deleite do Vitor (ai mana fazes falta!).
Admiro os relatos dos viajantes científicos, páginas e páginas de escritos detalhados, de pormenores e desenhos, para além das impressões. Ou dos modernos escritores-jornalistas a mandar texto sobre texto e a guardar notas para livros futuros. Decididamente eu sou mais do estilo slow travel…
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Pois é, se uma fotógrafa incomoda ...duas já vão tendo "massa crítica" para influenciar o andamento da caravana.
ResponderEliminarMas como é fundamental fotografar, as provocações resvalam na couraça da indiferença da fotógrafa (diria o Pedro...)
Slow travel parece-me bem! Deve haver qualquer pormenor metodológico que nos escapa, certamente fundamental para a produção de tão prolixa escrita.