Em dia que começou chuvoso partimos a caminho do Douro. Passagem pelas cidades fortificadas que se defendiam do invasor castelhano com muros e azeite a ferver. Primeiro Trancoso, depois, com vento agreste, Penedono e o seu castelinho saído directamente dos romances de cavalaria.
Para norte, a paisagem vai mudando, o cinzento do granito é substituído pelo vermelho do xisto ferroso e das vinhas incendiadas de cores de Outono.
Debaixo de um céu onde nuvens escuras coam o sol, passa-se São João da Pesqueira e sobe-se o ermo de São Salvador do Mundo, com a via sacra de nove capelinhas encarrapitadas monte acima.
Lá em baixo, o Douro, encaixado nas falésias, ali domesticado pela barragem da Valeira no local onde existiu o Cachão, local de naufrágio célebre onde o Forrester se afogou e a Ferreirinha foi salva, dizem, pelo balão das suas saias.
A toda a volta, as vinhas arrumadas em linhas de traçado improvável, com as folhas de cores do laranja ao rubro, antes de caírem à terra para reentrar no ciclo vital que, na primavera, as pintará de verde luxuriante.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
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